sexta-feira, 19 de junho de 2009

Lista dos ministros que votaram contra o Diploma de Jornalista.

Muito bem..após pesquisa em sites, eis aqui o rostinho dos digníssimos ministros...detalhe: "todos felizes por terem conquistado seus diplomas"...parabéns à todos eles, que não tiveram problemas...(ninguém que questionasse a legitimidade de seus magnificos DIPLOMAS).
Mais informações a respeito desses cidadões você encontra em http://www.stf.jus.br/portal/ministro/ministro.asp

Votaram contra a exigência do diploma de jornalista o ministro Gilmar Mendes, relator da matéria, as ministras Cármen Lúcia Antunes Rocha e Ellen Gracie, e os ministros Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso e Celso de Mello. O ministro Marco Aurélio votou favoravelmente à exigência do diploma. Não participaram do julgamento os ministros Menezes Direito e Joaquim Barbosa, ausentes da sessão por motivo justificado.

Brasil, mostra a sua cara!

Vale lembrar que foram os proprietários dos veículos que recorreram ao judiciário, para derrubar o diploma e nossa regulamentação profissional. Afinal, com a extinção da exigência, a liberdade de expressão será propriedade privada dos detentores dos veículos de comunicação. Eles terão o pleno poder de decidir quem poderá ou não exercer a profissão de jornalista no Brasil. A liberdade de expressão nada ganhará. Não se iludam.

Com a exigência do diploma, os donos da mídia precisavam recrutar entre os profissionais habilitados os seus trabalhadores. Sem ter que obedecer à exigência, recrutarão como bem entenderem seus escribas servis. Temo pela remuneração e direitos dos escolhidos.

O fim da exigência do diploma transformará em verdadeiros faraós os donos da mídia, que terão poder absoluto e ampliado sobre os seus veículos de comunicação. Como se eles já fossem pequenos.

A despeito de proteger a liberdade de expressão, o Supremo Tribunal Federal (STF) cometeu um grosseiro engano que será extremamente danoso para a sociedade brasileira. Ampliar os direitos dos donos dos veículos, em detrimento dos jornalistas habilitados, não parece ser o caminho mais seguro para garantir e ou ampliar o direito de expressão ou de imprensa no Brasil.
Foi criado um falso dilema. A exigência do diploma nunca foi uma ameaça à liberdade de expressão. Já a sua extinção deve concentrar mais poderes nas mãos de poucos, que além do forte e inabalável compromisso sempre justificado com lucro acima de tudo, tem entre seu seleto grupo, figuras detentoras de altos cargos públicos, que possuem concessões públicas seja através de parentes ou de terceiros no comando de emissoras de rádio e televisão.

Respeito os que defendem a extinção do diploma, por comparar a profissão de jornalista com a dos poetas e escritores, porque estão sendo ingênuos, mas desconfio dos que argumentam que o fim de tal exigência irá ampliar a liberdade de expressão, simplesmente porque o argumento é falacioso.

COLUNA PRATES - DC


OS CARAS
por Luiz Carlos Prates
Na minha antiga máquina de escrever já era a mesma coisa, algumas teclas estavam desbotadas, gastas. Agora, no computador, ocorre o mesmo, nas mesmas teclas. O que será? Bolas, eu as uso mais que as outras.

Mas esse usar das mesmas teclas, ou de usar algumas mais que outras, traz, não raro, alegrias, grandes alegrias.

Dia destes, antes de iniciar uma palestra numa das nossas cidades, um jovem sentou-se ao meu lado e muito educadamente pediu licença. Contou-me que eu o “salvei”. Fez-me sabedor de sua história, que ele andava por aí... e hoje sabe o que quer, considera-se um vencedor, mudou de rumos, sente-se feliz. Deu-me detalhes. Fiquei feliz.

Mas o que foi que eu fiz para ajudá-lo tanto assim? Com certeza ter batido nas mesmas teclas. Faz um bem danado ver alguém tirar velhos textos aqui publicados e tirá-los da bolsa como prova... Bah, subi ao palco que era um leão depois disso.

Quantas vezes, por exemplo, já disse que é muito bom ser campeão, ser o primeiro, ser apontado como referência, ser tido por competente, por capaz, por disciplinado etc etc, quantas vezes já disse isso aqui?

Quantas vezes fiquei furioso ao lembrar que os bons alunos na escola um dia foram chamados de CDFs? Chamados por quem? Pelos vagabundos, pelos nadas, pelos invejosos...

Dia destes contei aqui sobre os CDFs (sigla de uma expressão de calão, e todo calão é baixo, não é preciso redundá-lo) contei aqui que os primeiros CDFs foram chamados de “nerds”. Quem eram os nerds? Eram jovens que se envolviam com ciência e tecnologia nos inícios da década de 1950, foram os primeiros a estudar seriamente computadores. E sabe o leitor como os nerds eram definidos pelo American Heritage Dictionary? Eram definidos como “pessoas comicamente desagradáveis”. Isso mesmo. E os detratores dos nerds não desconfiavam que eles colocariam os americanos mais tarde na Lua... Sim, foram os nerds que fizeram isso, e mais tarde ainda criaram os centros de tecnologia do Vale do Silício, na Califórnia.
Coitados dos detratores dos bons alunos, coitados.

Pois não é que li esta semana no Estadão que os “nerds” estão sendo “caçados” pelas gurias nos pátios das universidades. Elas descobriram que eles são “os caras”. São alinhados, têm boa conversa, são gentis, gente fina, enfim. E ainda tiram 10 nas provas. Que tal, guri, que tal, guria, que tal ser um nerd? Não custa nada, não dói e pode colocá-los no pedestal da vida e dos corações alheios. Ah, estas velhas e desgastadas teclas: ser é melhor que ter. E ser é ter.
A INDIGNAÇÃO

Luiz Carlos Prates fala indignado da decisão do fim da exigência do diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista, que interessa muito aos donos da mídia.

GOLPE

Oito contra oitenta mil
Oito contra 180 milhões

Perplexos e indignados os jornalistas brasileiros enfrentam neste momento uma das piores situações da história da profissão no Brasil. Contrariando todas as expectativas da categoria e a opinião de grande parte da sociedade, o Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria, acatou, nesta quarta-feira (17/6), o voto do ministro Gilmar Mendes considerando inconstitucional o inciso V do art. 4º do Decreto-Lei 972 de 1969 que fixava a exigência do diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista. Outros sete ministros acompanharam o voto do relator. Perde a categoria dos jornalistas e perdem também os 180 milhões de brasileiros, que não podem prescindir da informação de qualidade para o exercício de sua cidadania.

A decisão é um retrocesso institucional e acentua um vergonhoso atrelamento das recentes posições do STF aos interesses da elite brasileira e, neste caso em especial, ao baronato que controla os meios de comunicação do país. A sanha desregulamentadora que tem pontuado as manifestações dos ministros da mais alta corte do país consolida o cenário dos sonhos das empresas de mídia e ameaça as bases da própria democracia brasileira. Ao contrário do que querem fazer crer, a desregulamentação total das atividades de imprensa no Brasil não atende aos princípios da liberdade de expressão e de imprensa consignados na Constituição brasileira nem aos interesses da sociedade. A desregulamentação da profissão de jornalista é, na verdade, uma ameaça a esses princípios e, inequivocamente, uma ameaça a outras profissões regulamentadas que poderão passar pelo mesmo ataque, agora perpetrado contra os jornalistas.

O voto do STF humilha a memória de gerações de jornalistas profissionais e, irresponsavelmente, revoga uma conquista social de mais de 40 anos. Em sua lamentável manifestação, Gilmar Mendes defende transferir exclusivamente aos patrões a condição de definir critérios de acesso à profissão. Desrespeitosamente, joga por terra a tradição ocidental que consolidou a formação de profissionais que prestam relevantes serviços sociais por meio de um curso superior.

O presidente-relator e os demais magistrados, de modo geral, demonstraram não ter conhecimento suficiente para tomar decisão de tamanha repercussão social. Sem saber o que é o jornalismo, mais uma vez – como fizeram no julgamento da Lei de Imprensa – confundiram liberdade de expressão e de imprensa e direito de opinião com o exercício de uma atividade profissional especializada, que exige sólidos conhecimentos teóricos e técnicos, além de formação humana e ética.

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), como entidade de representação máxima dos jornalistas brasileiros, esclarece que a decisão do STF eliminou a exigência do diploma para o acesso à profissão, mas que permanecem inalterados os demais dispositivos da regulamentação da profissão. Dessa forma, o registro profissional continua sendo condição de acesso à profissão e o Ministério do Trabalho e Emprego deve seguir registrando os jornalistas, diplomados ou não.

Igualmente, a FENAJ esclarece que a profissão de jornalista está consolidada não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. No caso brasileiro, a categoria mantém suas conquistas históricas, como os pisos salariais, a jornada diferenciada de cinco horas e a criação dos cursos superiores de jornalismo. Em que pese o duro golpe na educação superior, os cursos de jornalismo vão seguir capacitando os futuros profissionais e, certamente, continuarão a ser a porta de entrada na profissão para a grande maioria dos jovens brasileiros que sonham em se tornar jornalistas.

A FENAJ assume o compromisso público de seguir lutando em defesa da regulamentação da profissão e da qualificação do jornalismo. Assegura a todos os jornalistas em atuação no Brasil que tomará todas as medidas possíveis para rechaçar os ataques e iniciativas de desqualificar a profissão, impor a precarização das relações de trabalho e ampliar o arrocho salarial existente.

Neste momento crítico, a FENAJ conclama toda a categoria a mobilizar-se em torno dos Sindicatos. Somente a nossa organização coletiva, dentro das entidades sindicais, pode fazer frente a ofensiva do patronato e seus aliados contra o jornalismo e os jornalistas. Também conclama os demais segmentos profissionais e toda a sociedade, em especial os estudantes de jornalismo, que intensifiquem o apoio e a participação na luta pela valorização da profissão de jornalista.

Somos 80 mil jornalistas brasileiros. Milhares de profissionais que, somente através da formação, da regulamentação, da valorização do seu trabalho, conseguirão garantir dignidade para sua profissão e qualidade, interesse público, responsabilidade e ética para o jornalismo.

Para o bem do jornalismo e da democracia, vamos reagir a mais este golpe!

Brasília, 18 de junho de 2009.

Diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ